terça-feira, 13 de julho de 2010

13 JULHO 2010 ~~~ uma reflexão ~~~

VÍCIO vs DEPENDÊNCIA
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Toda a vida ouvi dizer:
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"Maldito vício!"
"Se quisesse, deixava aquele vício!"
"Não quer deixar o vício, é o que é!"
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Se calhou, cheguei a acreditar nas 'vozes'. Hoje, com a idade que já carrego aos ombros; hoje, com a(s) experiência(s) que vivi - nomeadamente: a experiência de ser um VERO FUMATORE - não posso acreditar, tampouco concordar com as piedosas vozesinhas.
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Fumar pode ser apenas (?) um vício, para alguns... Tenho as minhas dúvidas acerca disso.
Creio ser uma simples questão de SEMÂNTICA. Creio, mesmo, ser a única coisa simples no tabagismo!
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Um VÍCIO é um (mau) HÁBITO, é um COSTUME (condenável), um ERRO.
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A prática de FUMAR cigarros é muito mais complexa que isso. Antes não fosse...
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Quando falamos de (um) vício, deveremos querer evocar algo como:
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Enrolar o cabelo nos dedos enquanto se come a sopa;
Roer as esferográqficas;
Dizer palavrões a torto e a direito;
Limpar o nariz sempre na manga do pijama;
Não resistir a enxotar pombos ou perús;
Não resistir a enrolar os cantos das folhas de papel de importantes documentos;
Palitar os dentes em público e ruidosamente;
Falar da vida alheia;
Arrancar nabos da púcara;
Atirar o barro à parede;
Escrever com demasiadas vírgulas;
Vociferar coisas não inteligíveis;
Entrar primeiro, bater à porta depois;
Interromper sistemáticamente a fala de alguém;
Etc;
Etc:
Et cetera...
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Toda a sorte de vícios é susceptível de abandono com, apenas, controlo intelectual - força de vontade. Basta um pouquinho de mais atenção, algum esforço, e a vontade para deixar de roer as unhas ou deixar de arrancar os botões da gabardine quando o autocarro está muito atrasado.
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E por que razão estou tão seguro do que acado de expor?
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PORQUE, em nenhum desses hábitos, existe uma DEPENDÊNCIA associada. Seguramente que não existe dependência física. Se existir uma dependência psicológica... lá está o intelecto a poder fazer o seu trabalho. Pode demorar o seu tempo, pode sim. Pode ser algo penoso, pois pode. Mas, não obstante, será sempre uma questão de FORÇA DE VONTADE.
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Já o TABACO...
O TABACO...
Melhor dizendo: O CIGARRO - é um caldeirão de substâncias químicas (a maior parte delas introduzidas pela indústria tabaqueira) que causam dependência física. Tal qual:
o ÁLCOOL.
Tal qual:
as DROGAS.
[Nas DROGAS incluo, sem reserva, os comprimidos para dormir, os pingos para acordar, as cápsulas para rir, os pacotinhos para não chorar, and so on..,]
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Contra a DEPENDÊNCIA FÍSICA de QUÍMICOS, meus Amigos:
"Boa noite! Estimo as melhoras!"
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Contra a DEPENDENCIA FÍSICA de QUÍMICOS, meus Amigos:
"Qual força-de-vontade, qual carapuça?!"
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Contra a DEPENDÊNCIA FÍSICA de QUÍMICOS, meus Amigos:
"Vou ali, já venho!"
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É duro. Não é aquela romântica ilusão do "Vício-de-Dedo".
Porque NÃO É UM VÍCIO,
É UMA DEPENDÊNCIA, isso sim.
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Talvez seja mais difícil, a um fumador, ver-se privado de cigarros, do quão difícil é, a um não-fumador, encontrar-se privado de comida.
(Falo um pouco de cor... Já passei fome - um pouco mais além da que se passa quando o serôdio jantar chega, por fim, à mesa - mas nada parecido com aquela fome com 'F'. Aquela que, além de ser sentida, é visível.
Mas estou convicto, e possivelmente errado, que a necessidade natural de alimentação não é tão violenta, tão violentamente veloz, tão secamente imperativa como a necessidade de introduzir uma qualquer substância da qual se está dependente).
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De resto, diz-nos a História, não há INDEPENDÊNCIAS sem LUTAS, BATALHAS, DERROTAS e, finalmente, A VICTÓRIA!
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De facto,
não basta
QUERER
para se
PODER.
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Isso seria uma verdade inquestionável, se dependesse só de quem quer. Para deixar de fumar, existem outros factores, outros opositores...
não é uma luta de igual para igual. Os adversários/inimigos são ferozes.
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VÍCIO e DEPENDÊNCIA
NÃO SÃO
A MESMA COISA
!

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